sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Geir Campos

Em 28 de fevereiro de 1924 nascia o poeta de Rosa dos rumos, Metanáutica, Canto de peixe, Tarefa e tantos outros sucessos. Faleceu em 8 de maio de 1999.
Seu canto permanece.

Entendimento

Talvez um dia – não há pressa – ao fim
de ter ouvido em idiomas tantos
tantas palavras, se revele a mim
a voz das coisas: falarão estátuas
justificando as suas poses fátuas.
Que recalcadas queixas tem a porta?
Resmungarão armários pelos cantos
das salas, onde candelabros velhos
falsificam a luz. Pouco os espelhos
terão mais a contar: não têm segredo,
a vaidade os consulta mas com medo.
Que sonha a rosa ao pé da noiva morta?
Ouvir, murmúrio em torno das estantes,
a outra lição dos livros. Escutar
de cada objeto a confissão... e, após,
vê-los perderem a frieza de antes:
quando eram como estranhos a passar,
na rua, indiferentes, junto a nós.

De Rosa dos rumos, 1950, in Antologia poética de Geir Campos, org. de Israel Pedrosa. Rio de Janeiro: Leo Christiano, 2003, p. 26.

Para saber mais:
Assista ao vídeo da palestra de Maria Lizete dos Santos, “Geir Campos: Da profissão do poeta”, in
Instituto Embratel - TV PontoCom
http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/freetextsearch/new_search;jsessionid=32FC7736A8272B9B1A0EF1F5BE8BF030

Leia o livro:
A profissão do poeta & Carta aos livreiros do Brasil, org. de Aníbal Bragança e Maria Lizete dos Santos. Niterói: RJ: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 2001.
http://www.estantevirtual.com.br/

Um comentário:

Henrique Chaudon disse...

Caro Aníbal:
Obrigado pelo poema do Geir.
Ele é, sem dúvida alguma, um exemplo de homem de letras e de livros, cidadão combativo. A garotada deveria conhecer-lhe melhor a vida e a obra.
Aliás, nas Escolas e Colégios do Município, deveria haver espaço para o estudo de nossa história local, de nossa 'prata'. Quantos de nós, Niteroienses(mesmo os mais velhos ou mais informados), sabemos que na Ponta da Armação nasceu a nossa indústria naval?
Todos os Municípios deveriam criar uma cadeira nesse sentido. Nos fazem estudar a Revolução Francesa, mas a Revolta da Armada e a participação de Niterói nessa página de nossa história fica na obscuridade.
"Se queres ser universal, escreve sobre a tua aldeia".