quarta-feira, 11 de julho de 2007

Revista Tema Livre, v. 12: entrevista concedida a Fábio Ferreira

A Tema Livre (revista virtual de História) está completando 5 anos na rede, sob a direção de Fábio Ferreira, um jovem historiador com grande dedicação à área. O número 12, além de artigos assinados por Carlos Barros, Ana Paula Pereira Costa, Silmei Sant’Ana Petiz, Cristiano Cruz Alves, Neide Almeida Fiori e Eduardo Búrigo de Carvalho e pelo próprio Fábio, traz entrevistas com Heloísa Paulo e Luís Reis Torgal, historiadores vinculados ao CEIS-20 da Universidade de Coimbra (Portugal), e também uma longa entrevista concedida por este neoblogueiro ao seu editor, que se caracteriza por uma informalidade que só as entrevistas gravadas “ao vivo” admitem e uma extensão que só o mundo virtual propicia. Nela abordam-se temas relacionados à trajetória profissional do entrevistado, que podem ter algum interesse para alguns dos raros e raras leitoras deste espaço.

Foram tratados temas como a criação e o funcionamento do Lihed – Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil (da Universidade Federal Fluminense), as pesquisas sobre a história da Livraria Francisco Alves Editora e o seu acervo documental, o I Seminário Brasileiro sobre Livro e História Editorial (2004) e o II Seminário (2008), as comemorações do bi-centenário da implantação definitiva da tipografia no Brasil, o livro e o mercado editorial brasileiro, a crise de leitura do impresso, a atuação do entrevistado como livreiro-editor e como pesquisador da história cultural da cidade de Niterói e da cultura letrada brasileira.
Acesse este e os números anteriores da revista em http://www.revistatemalivre.com/

4 comentários:

Anônimo disse...

Querido Aníbal,
Foi um grande prazer ler sua entrevista, onde a gente fica sabendo de quanta coisa avanturosa você já fez.
Puxa, mas editar Lênin, em pleno 1968, que "azar", hein?
Um grande abraço,
Richard

Wilton Chaves disse...

Caro Aníbal,
Gostei muito de ler sua entrevista e achei muito rica a sua trajetória no mercado editorial; deixa claro o seu envolvimento com o mundo dos livros em sua cidade; daí lembrei que você, salvo engano, montou um sebo nos anos 90, em frente da UFF, qual era o nome do sebo?
Um engajamento em prol do desenvolvimento da leitura e da pesquisa em nosso país.
Você menciona o nome de Vitor Alegria, se não falha a memória, ele foi dono da Coordenada de Brasília e da Thesaurus, uma editora distribuída pela Catavento, seria ele?
Conheci José Nilo Tavares pela PUC, quando fui divulgador editorial,mais tarde, voltei a ser apresentado, bem antes de seu falecimento, através de um autor que publiquei,o meu antigo professor do IFCS, Aluízio Alves Filho. Um grande abraço.

Aníbal Bragança disse...

Caro Richard,
Os que “perderam”, na longa noite da vitória efêmera e triste dos ditadores e seus beneficiários, foram vítimas desse “azar” (que não foi apenas coincidência fortuita) por não acreditarem na possibilidade de radicalização do golpe militar, mas na redemocratização. No nosso campo, creio que Ênio Silveira teve a atuação mais emblemática. O meu modesto combate, apesar das conseqüências, rendeu sobretudo um grande aprendizado. Outros, vários amigos, inclusive o Jacques Alvarenga, que trabalhou no livro O Estado e a Revolução, levaram sua esperança, depois do AI-5, para outras vias mais radicais, e para eles seu “azar” foi trágico.
Há, claro, os que sobreviveram, e alguns estão por aí nas manchetes dos jornais, nem sempre com exemplos dignificantes, infelizmente.
Me deu muita alegria ter você, generosamente, como um dos “raros” leitores da entrevista.
E também o Wilton! Que venham outros para este encontro!
*
Caro Wilton
realmente montei um sebo nos anos 90, perto do Campus da UFF, chamava-se Sebo Fino. Foi uma iniciativa voltada mais para aproveitar a capacidade ociosa de meu irmão Inácio, um bom livreiro, mas acabou não saindo conforme o planejado e foi efêmero.
Serviu como um certo escoadouro de “excessos” de minha biblioteca, o que, vez por outra, me traz arrependimento. Mas devo dizer que saí da experiência talvez com mais livros do que quando entrei nela.
O Victor Alegria é mesmo o editor da Coordenada, atualmente Thesaurus, de Brasília. Continua ativo e foi o editor do livro de Cesar de Araújo, Um sol maior que o sol, a que me referi. O José Nilo Tavares foi um intelectual brilhante e generoso, uma perda muito precoce. Há poucos meses um aluno da UFF me procurou para fazer um curso na área editorial e ele estava trabalhando num projeto da área com o Aluisio Alves Filho, se não me engano. Talvez uma nova editora. Você sabe dele hoje?
Um forte abraço a ambos,
Aníbal

Aníbal Bragança disse...

Caro Richard,
Ainda sobre a publicação de O Estado e a Revolução, e sua hora, em outubro de 1968: na bela e ensaística apresentação da obra (p. 9-16), José Nilo Tavares escreveu: “A primeira edição de ‘O Estado e a Revolução” no Brasil, integralmente, foi feita em 1961, sob responsabilidade da Editora Gráfica Vitória. Até então apenas alguns trechos do livro haviam sido divulgados em revistas e jornais do Partido Comunista Brasileiro. O atraso na publicação de obra tão importante, aliás, não deve causar espécie, visto que o “Manifesto”, de 1848, somente foi editado em forma de livro, no país, em 1924, isto é, 76 anos após a sua publicação na Europa. (...)
A iniciativa da reedição deste livro, partida de jovens editores universitários de Niterói é, sem dúvida alguma, oportuna. A carência de obras básicas sobre teorias e idéias políticas no Brasil justifica plenamente o estímulo a esse tipo de publicações.
Foi com a convicção de estarmos cumprindo um dever para com a inteligência e a cultura que aceitamos o convite para redigir a introdução.”
Para esses “jovens editores universitários”, então com 24 anos, a hora poderia ser decorrente de uma certa “inconseqüência”, mas o respaldo vindo de um já prestigiado intelectual como o José Nilo Tavares dava, ao menos aparentemente, mais “senso de responsabilidade” à iniciativa. O que o genial e maduro Otto Maria Carpeaux, na 4a. capa, referendou: “... a Biblioteca Universitária Diálogo – BUD inicia a publicação de uma série de textos do mais elevado interesse para os estudantes brasileiros e para todos os que acompanham as transformações do mundo atual e os problemas que o afligem. ‘O Estado e a Revolução’, por isso mesmo, é um livro atualíssimo”.
Com tudo isso, tivemos uma “derrota” fragorosa que durou longos anos, mas acho que nenhum dos envolvidos se arrependeu da iniciativa, apesar de tudo
Mais um abraço,
Aníbal