sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Natal, caridade e solidariedade, vistos por Marcelo Salles

Fazendo media, é um jornal que nasceu na faculdade em que trabalho, o IACS/UFF, com um grupo de alunos, no qual se destacava Marcelo Salles. Sempre com um olhar crítico sobre a mídia, o jornal logo cresceu, formou boa equipe e se tornou respeitável sem deixar de ser crítico.

O trecho abaixo é do último artigo de Marcelo Salles, lúcido como sempre, publicado no Fazendo Media:

(...)
O Natal marca o nascimento de Jesus Cristo, alguém que lutou contra a desigualdade, expulsou os capitalistas do templo e foi preso por isso. Foi torturado por isso. Foi crucificado por isso. Jesus foi um preso político, é sempre bom lembrar - sobretudo nessa época em que filmes e propagandas de presentes caros despolitizam o significado do Natal.

Jesus Cristo também nos ensinou a solidariedade, que depois a Igreja capitalista tentou transformar em caridade. São coisas diferentes. A caridade é vertical, ela humilha quem recebe. Por outro lado, solidariedade é estar ao lado de quem precisa. É pegar chuva, sentir fome, frio, medo, apenas para confortar alguém com sua presença. E se a caridade pode ser cotada pelo mercado, além de aliviar consciências em troca de moedas, a solidariedade desconhece tais valores.

Enquanto tentam reduzir o significado do Natal a uma corrida maluca por presentes, quero deixar registrado o seguinte: pro inferno esse sistema e sua mídia que incentivam o consumo desenfreado enquanto milhões passam fome.


E tem outra coisa: por mais que sua máquina trabalhe a todo vapor para impor um comportamento alienado, haverá sempre aqueles que em vez de presentes caros trocam abraços sinceros. Aqueles que não cedem aos apelos consumistas e compreendem que o mais importante é sentir o coração do companheiro batendo, bem pertinho do seu peito. Onde há a vida que respeita a vida. E é essa vida, esse carinho, essa ternura que transformarão o planeta num lugar mais justo para se viver.
(...)

Fique sabendo um pouco mais sobre o mundo contemporâneo, rara e raro leitor, lendo a íntegra do (excelente) artigo de Marcelo Salles, “Pro inferno a mídia e seu Natal!”, clicando aqui:
http://www.fazendomedia.com/diaadia/nota261206.htm

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

“O ano do Porco é um ano de plenitude.”

A afirmação acima foi pinçada do livro Manual do Horóscopo Chinês, de Theodora Lau, publicado pela editora Pensamento (7a. edição, p. 210). Mesmo tendo sido num ano do Porco (ou Javali) em que recebi um dos maiores presentes na vida, o nascimento de minha filha Joana, nem sempre ele foi um ano favorável a este neoblogueiro nascido em um ano do Macaco. Entretanto, como acertadamente assinalou o amigo Cláudio Giordano, 2007 foi, para mim, um ano generoso e pródigo em alegrias.

Além de ter recebido a Medalha Professor Felisberto de Carvalho, concedida pela Câmara Municipal de Niterói em reconhecimento a serviços prestados na área da Educação, por iniciativa do vereador André Diniz, atual Secretário de Cultura, e o título Intelectual do Ano, concedido pelo Grupo Mônaco de Cultura, presidido por Luís Antônio Pimentel, honrarias que devemos, especialmente, às amizades construídas através de e com os livros (leia algumas referências do que disseram sobre livros e amizade o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, e o filósofo alemão Peter Sloterdijk, em nossa postagem de abril de 2007, dia 6 - no arquivo, ao lado), tivemos também, no âmbito dos trabalhos acadêmicos, excelentes notícias.

O LIHED (Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil), que coordenamos no IACS/UFF, teve dois projetos aprovados para o recebimento de apoios: "Memória Editorial: preservando fontes primárias para a história da vida literária brasileira (1854-1954)", aprovado no Programa Petrobrás Cultural e na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), do MinC, irá receber investimentos com base na Lei Rouanet.

E, ainda, o projeto para a criação do Centro de Memória Editorial na Universidade Federal Fluminense (UFF), submetido à Faperj (Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), também foi aprovado e já teve recursos liberados para sua implementação.

Assim, após um ano de colheitas, podemos esperar que 2008 seja um ano de muitos trabalhos e, assim, uma grande oportunidade de crescimento.

Obrigado a Deus e aos homens e mulheres participantes desta comunidade de amor aos livros, à vida, à ética, à amizade desinteressada, pelo ano de plenitude que nos foi dado vivenciar em 2007.

Boas Festas e um Ano Novo de realizações e sucessos, de paz e felicidade, é o que lhes desejamos, rara e raro leitores, responsáveis pelo tempo que dedicamos a este espaço, criado a 3 de março de 2007, com uma postagem em homenagem à relação da criança com o livro, através das experiências de minha neta Ana, filha de Joana, meu presente maior em 1971, um Ano do Porco.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Francisco Frias, recital no Teatro da UFF





O recital de Francisco Frias foi um dos pontos altos na solenidade em homenagem a este neoblogueiro, quando do recebimento do título de Intelectual do Ano 2007-2008, concedido pelo Grupo Mônaco de Cultura, de Niterói (RJ), em 1º de dezembro último.

Assista ao vídeo, rara ou raro leitor, de duas das peças ali apresentadas, clicando nos endereços abaixo
:

Um arioso de Bach
http://br.youtube.com/watch?v=zvhgHYdQkk0

Estudo, de Villa-Lobos
http://br.youtube.com/watch?v=ft67LlV6HoA

Veja também:
Música de Invenção, no MAC – Niterói

http://br.youtube.com/watch?v=jelApiEt--M&NR=1

A foto é de Servus Dei.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Fernando Pessoa: "Vi Jesus Cristo descer à terra"


“O guardador de rebanhos” (1911-1912)

VIII



Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como um fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas –
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes do o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Leia (ou releia) o texto integral deste poema clicando abaixo:

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Era uma vez... Natal com as dicas da Ophicina Recreare

Rara ou raro leitor, especialmente se tem crianças em casa, leia o que indica Celina Bragança (desculpem a corujice de pai...), responsável pela Ophicina Recreare, de São Paulo, para fazê-las entrar na festa de um modo mais participativo, com atividades em que se criam brinquedos no clima de Natal.

A matéria, publicada no sítio virtual da Abril.com, é de Michelle Veronese:


Pais e bebês – todos podem entrar no mundo mágico do Papai Noel. Mas, antes de pôr a mão na massa e produzir os brinquedos e enfeites natalinos inventados pela educadora Celina Bragança, coordenadora da Ophicina Recreare, em São Paulo, crie o clima de faz-de-conta com algumas histórias.

Era uma vez... Bem, para começar, por que não contar ao pequeno a própria lenda do Bom Velhinho? Depois explique que as guirlandas servem para anunciar a chegada do Natal e que, antigamente, as pessoas costumavam decorar o pinheiro com frutas e doces para deixar a festa ainda mais saborosa.

Uma outra dica – válida principalmente para os bebês – é fingir que você é o Papai ou a Mamãe Noel. “Diga a seu filho que ele acaba de ser eleito o novo duende que vai ajudá-lo na fábrica de brinquedos”, ensina Celina, que coordena oficinas de arte para crianças há mais de dez anos. Para simbolizar o papel de cada um nessa brincadeira, vocês não precisam se fantasiar. “Um simples detalhe na vestimenta, como um chapéu feito de jornal ou um lenço verde no pescoço, é suficiente para a criança ver a situação com outros olhos”, diz a educadora.

Leia mais: http://www.bebe.com.br/familia/natal/fabrica.php

Ophicina Recreare Assessoria Pedagógica e Desenvolvimento Humano
11 5096 1474 11 9332 8666
celina@ophicinarecreare.com.br

Melancolia revisitada, Henrique Chaudon

Para Yvette Centeno

Suspenso, o trabalho; pelo chão, esparsas, as ferramentas. O artífice sonda distantes mundos factíveis. Na destra, o compasso imóvel. A sinistra sustém o peso de milênios. Sentado ele está (há quanto?) e o cão ressona a seus pés.

Alado e imóvel, absorto. A matéria o rodeia, prenhe de possibilidades, clamando, convocando. O artífice sonha, todavia. O tempo escorre, o sol nasce ou se põe? Quem saberá?

Na cidade, ao longe, faz-se o comércio; há uma algaravia sem fim, os homens chegam e se vão mares a fora. E o artífice sonha. Seu pupilo estuda e aguarda o momento. Tudo está por fazer, por terminar. Mas não há pressa alguma, embora o sino possa sonar a qualquer momento, incontornável.

O lume, ao fundo, não se apaga. A tenaz pode esperar, o lenho pode esperar – não temos já aquela perfeição que repousa redondamente aos pés do artífice? Não temos já as faces lavradas e incorruptíveis de um poliedro pesando o peso do planeta?

E o artífice sonha. Enquanto durar o mundo ele estará sonhando.

O arco no horizonte longínquo (que o artífice não vê) parece selar essa certeza.

Novembro de 2007

Hoje, rara leitora, temos a alegria de oferecer a você este texto do poeta e marceneiro Henrique Chaudon, inspirado na célebre gravura (em cobre) Melancolia, de Albrecht Dürer (1471-1528).
Melancolia, de 1514, já inspirou pensadores como Walter Benjamin.
O poeta Chaudon, que celebra os 30 anos de lançamento de seu primeiro livro Confissões a Baco, criou um texto original e belo, que divulgou inicialmente em seu blog A Terceira Gaveta http://aterceiragaveta.blogspot.com . Vamos revisitá-lo.


sábado, 15 de dezembro de 2007

Vida literária fluminense

Luís Antônio Pimentel ladeado por, à esquerda, Luiz Erthal, Aníbal Bragança e Paulo Roberto Cecchetti; à direita por Roberto Kahlmeyer-Mertens e Carlos Silvestre Mônaco. Foto de Augusto Erthal.
Hoje, pela manhã, o livreiro Carlos Silvestre Mônaco recebeu no Calçadão da Cultura da Livraria Ideal, em Niterói (RJ), o mundo literário fluminense, que ali se reuniu para compartilhar com Luís Antônio Pimentel a festa de lançamento do seu mais recente livro, Haicais onomásticos, publicado pela NitPress http://nitpress.tripod.com , em cuidada edição, com capa de Augusto Erthal e diagramação de Márcia Queiroz Erthal, em formato 14 x 15 cm., com 104 p. - ISBN 978-85-99268-82-7.

O livro contém apresentação do editor, Luiz Augusto Erthal, prefácio deste neoblogueiro, “Luís Antônio Pimentel, um jovem de 95 anos”, posfácio de Roberto Kahlmeyer-Mertens, “Escritos poéticos de maturidade”, índice onomástico organizado por Paulo Roberto Cecchetti, reprodução de desenho de Miguel Coelho com imagem do autor, e breves dados biobiliográficos, além de 172 haicais, em que, mais uma vez, se manifesta a arte poética de Luís Antônio Pimentel, uma das grandes expressões da literatura de inspiração japonesa no Brasil, desde o lançamento, em 1940, de Contos do Velho Nipon, pela Editora Pongetti, do Rio de Janeiro (reeditado em 2004 no volume 2 de suas Obras Reunidas), escritos a partir do que ouviu do povo nipônico, quando se encontrava no Império do Sol Nascente (1937-1942).

Mostra com 10 dos haicais onomásticos de Luís Antônio Pimentel:

Alda Menescal
encasulou-se em silêncio,
cigarra de outono.

A poesia e o canto
fazem de Bia Bedran
uma artista múltipla.

Mais que um bibliófilo
o livreiro Carlos Mônaco
é um bibliólogo.

A Branca Eloysa
fez “Tortura nunca mais”,
flor da contra-mão.

Iderval Garcia
é o cronista da cidade,
há mais de trinta anos.

Lizete, entre livros
Na Biblioteca, relembra
Alice entre espelhos.

Mareda Bogado.
Cromo guardado num livro,
marcando um poema.

Poeta erudito,
Sávio Soares de Sousa
honra Niterói.

Teófilo Abreu,
Ícaro de asas metálicas,
é escritor brilhante.

Xavier Placer,
prazer de quem se deleita
lendo suas obras.


No último parágrafo do breve prefácio que fizemos para o livro, rara leitora, escrevemos:

Luís Antônio Pimentel é jornalista admirável, enciclopédia viva, o nosso homem de letras maior. Mais ainda, sua trajetória profissional e pessoal fez dele uma referência como homem de caráter que, corajosa e desinteressadamente, dedicou sua vida ao bom combate, em prol da justiça social, da ética, pela preservação cultural e natural de nossa cidade e ao desenvolvimento da sua vida literária e artística. Para muitos, como o autor destas linhas, acima de tudo, um ser humano exemplar.

Para ler o texto completo, acesse:
http://luis-antonio-pimentel.googlegroups.com/web/AB%20Pref%C3%A1cio%20de%20Haicais%20onom%C3%A1sticos.%20de%20Lu%C3%ADs%20Ant%C3%B4nio%20Pimentel.doc?gda=8tAfdYUAAADAIT4LJkmJPBoCzxI4N34WpAz2esWwv1iPXTtZ-FmnRmG1qiJ7UbTIup-M2XPURDTfuA5gXE31mWDRwZQtGpOR6HGeoFaXcchSwXYrXqJGencvSBczhlv53d2sTn0RV3Kz29_BScpSxylOv0rBEfbjhTTldnVP-dYYkGLdNA0XYaHYw_ffs4YRXEc98gG44HY

Leia também o texto do Posfácio de Roberto Kahlmeyer-Mertens, "Escritos poéticos de maturidade", clicando abaixo:
http://luis-antonio-pimentel.googlegroups.com/web/LAP%20Haicais%20Onom%C3%A1sticos%20Posf%C3%A1cio%20Roberto%20Kahlmeyer.doc?gda=-2bKo3EAAADp5uaX4uIxH_B0dOaPQzh7OQkJ2hSV0-NMSb6jc7GTWmG1qiJ7UbTIup-M2XPURDQjh3Gnz5Djkl-Od0RsUjrRNH0cmahAb_adlEIs3Y84Lc4Ei0xgn2dgCKQzNFFLL7ePiLvlxD9MyPF1E6svJYdo5KylSQ9gG5gUBwiOovY3VA
Acesse o álbum com as fotos do evento, clicando aqui:

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

CONVITE(s) –Espetáculo musical, sessão solene e festas de confraternização

Estamos entrando no período natalino, onde as oportunidades de encontrarmos e confraternizarmos com amigos e amigas, rara leitora, é muito maior. Vamos aproveitar?
Estes são alguns dos convites que recebi e que, infelizmente, não poderei todos aceitar, mas que bem gostaria. Quem sabe você, leitor, poderá aproveitar. Ficam as sugestões.


Dia 17, segunda-feira:

18h:

Espetáculo musical “Quem canta faz a hora”, em homenagem a Roquette Pinto e à Era do Rádio. Grupo Cantores do Chuveiro. Roteiro de Ricardo Cravo Albin.
Teatro Raimundo Magalhães Júnior – Academia Brasileira de Letras
Av. Presidente Wilson, 203 – 2º andar
Entrada livre (teatro limitado a 400 lugares). Informações: tel. 3974-2500

19h:

Sessão Solene de entrega da Medalha Professor Felisberto de Carvalho a
Ildika Marcela Tholt de Vasconcellos e Ana Lúcia Pereira Zullo (da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa). Proposta do Vereador Felipe Peixoto.
Auditório Brígido Tinoco – Câmara Municipal de Niterói
Av. Amaral Peixoto, 625 – Centro – Tel. 2722-1212

A partir das 21h: Confraternização de troca de folhinha (ou calendário)!
Dino Rangel, grande guitarrista, estará tocando e recebendo seus amigos e parceiros musicais para fechar o ano com muitas - e boas - notas musicais.

Bar São Dom Dom, na Pça. de São Domingos, Niterói.
Leve um calendário legal para trocar com alguém.


Dia 19 de dezembro, quarta-feira, às 20:00 horas.
Lançamento do CD Poesia de Boca.
Com show dos poetas de boca e confraternização de fim de ano.

Varandas Cultural, Rua do Lavradio, 74, Lapa – Rio de Janeiro.
Produção: Site Alma de Poeta e Editora Contemporânea.
Para saber mais, veja o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=05oLL6_02_4

Dia 27 de dezembro, última quinta-feira do ano, 21:00h.
“Na Casa dos 40..." – Terceira festa, com músicas que marcaram décadas.

Espaço Itaipava, Estrada Francisco da Cruz Nunes, 4515 (na descida da Estrada Velha, em frente à Citroën). Niterói - RJ
Informações: nacasados40@gmail.com

Um novo livro de Luís Antônio Pimentel

É com muita alegria que a convidamos, rara leitora, e todos os admiradores de Luís Antônio Pimentel a conhecerem o seu livro mais recente, Haicais onomásticos, que será lançado pela editora NitPress, em manhã de autógrafos na Livraria Ideal, em Niterói, amanhã, sábado, dia 15, a partir de 10h.

Sobre essa obra, o jornalista Luis Erthal, seu editor, escreveu:

Haicais onomásticos, de Luís Antônio Pimentel

Presença marcante ao longo de várias décadas no cenário cultural fluminense, Luís Antônio Pimentel inverte os papéis e abdica, aos 95 anos, da posição de homenageado, transformando-se em galardoador de seus amigos e admiradores. Introdutor do cânone do haicai no Brasil, que trouxe em 1942 do Japão, onde travou contato com os discípulos de Bashô Matsuo durante cinco anos, tendo sido o primeiro poeta brasileiro traduzido para o japonês, ele lança, pela editora Nitpress, um livro de haicais onomásticos em que homenageia 172 nomes significativos da vida cultural e literária do Estado do Rio, particularmente de Niterói, cidade que adotou para viver ainda menino.

As pobres práticas de leitura no Brasil

Apesar de se basear em pesquisa feita em 2005, reproduzimos aqui texto de nosso interesse, meu e seu, rara leitora, divulgado no sítio virtual Blue Bus http://www.blubus.com.br/ - vale visitar.

Torcemos que seja efetivamente realizado o Programa Mais Cultura, do governo federal (ver abaixo), juntamente com uma grande mobilização da sociedade brasileira em favor da redução da ignominiosa desigualdade social no país, que favoreceriam sem dúvida uma reversão do quadro de referência ao artigo de Luís Alberto Marinho:

Só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 entendem um texto longo

Eu adoro livros, livrarias e bibliotecas. No colégio, era um dos poucos frequentadores assíduos daquela sala ampla, cheia de livros e perfumada pelos odores do papel e das capas, onde eu encontrava refúgio em histórias fantásticas. Talvez por isso eu desconfie tanto das pessoas que não lêem livros, jornais, revistas ou o Blue Bus;

Porém, infelizmente, em nosso país os livros são caros, há poucas livrarias e muitos municípios nem bibliotecas têm. Para piorar ainda mais a situaçao, só 26% dos brasileiros entre 15 e 64 anos encontram-se no nível pleno de alfabetização, ou seja, tem hoje condição de ler e compreender integralmente um texto longo. Esse dado é de uma pesquisa feita em 2005 pelo Instituto Paulo Montenegro, mantido pelo Ibope, que revela ainda que 7% da nossa população é analfabeta, 30% dos brasileiros estão no nível de alfabetização rudimentar, conseguindo apenas ler títulos ou frases e localizar uma informaçao bem explícita e 38% alcançaram o nível básico, traduzido pela capacidade de ler textos curtos que exijam pequena inferência.

Uma das descobertas mais interessantes desse trabalho diz respeito à relação estabelecida entre a leitura de livros e a queda no índice de analfabetismo funcional - a capacidade de compreensão do conteúdo lido. Levantamento feito em São Paulo com 800 presidiários mostrou que a qualidade da leitura entre eles é melhor do que a média nacional, consequência do maior consumo de livros, revistas e jornais. Uma das possíveis conclusões dessa pesquisa é que o aumento da leitura de livros no país conduziria a uma elevação no percentual de pessoas com plena compreensão dos textos. Entretanto, dados de 2001 da Câmara Brasileira do Livro davam conta de que o brasileiro lê apenas 1,8 livros por ano, enquanto o francês devora em média 7 volumes no mesmo período.

Como todos sabem, há carência no país de trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo, estudos comprovam que o salário médio dos trabalhadores mais capacitados é significativamente maior do que a média. A conclusão é óbvia - um país com mais leitores seria um país mais desenvolvido, mais rico, composto por famílias com maior renda e, por conseguinte, com maior potencial de consumo. Por isso, eu sugiro - no próximo fim de semana faça uma limpa na sua casa, pegue todos os livros que você guarda e não vai reler nunca mais e entregue a uma biblioteca pública ou a uma entidade que coordene programas de popularizaçao da leitura. O país vai ficar melhor - e a sua consciência também.

Fonte: http://www.blubus.com.br/show.php?p=1&id=80925&st=busca
Visite também o excelente Verdes Trigos, que primeiro chamou minha atenção para esse texto:
http://www.verdestrigos.org/agora/2007_12_09_archive.asp#2354708288937673135

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

No Seminário Nacional PNLL - Bibliotecas no +Cultura

Biblioteca Estadual de Niterói. Foto da década de 1950. Fonte: Livraria Ideal, do cordel à bibliofilia, 1999,
deste neoblogueiro, editado pela Eduff/Pasárgada.

Atendendo a convite do professor José Castilho Marques Neto, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), este neoblogueiro participou do Seminário Nacional PNLL – Bibliotecas no +Cultura, realizado no Hotel Mercure (Paraíso), em São Paulo, nos dias 11 e 12 do corrente mês de dezembro.

Segundo a proposta dos organizadores, a finalidade do Seminário, ao reunir o Comitê Diretivo e Coordenação Executiva do PNLL, a Coordenadoria do Livro e da Leitura do MinC, representada por Jéferson Assunção, e Carlos Alberto Xavier, do MEC, especialistas em leitura e bibliotecas e líderes de experiências exitosas na área, foi a de obter sugestões para uma estratégia de implantação dos primeiros programas em todos os níveis do programa +Cultura, formatando metodologias, planejamento, procedimentos práticos e critérios de escolha das sedes dos primeiros projetos pilotos.

Tais sugestões irão oferecer subsídios para o Estado nas ações do programa de bibliotecas, de forma a reunir e otimizar forças, recursos humanos e financeiros, buscando resultados com maior grau de eficiência.

O evento foi aberto com brilhante exposição de Gonzalo Oyarzún S., diretor da Biblioteca de Santiago, http://www.bibliotecadesantiago.cl/ , que pode ser definida como uma “biblioteca pública do século XXI”.

Seguiram-se três mesas-redondas com os seguintes temas: “Bibliotecas referenciais e bibliotecas-parques”, “Bibliotecas médias e pequenas” e “Pontos e pontões de leitura – Bibliotecas Comunitárias”.

Após dois dias de debates, os resultados foram sintetizados no relatório final, onde as diferentes contribuições poderão significar o alcance pleno dos objetivos propostos.
Para outras informações sobre o Programa Mais+Cultura do governo federal, acesse:
http://www.cultura.gov.br/site/?p=8237

Veja pequeno álbum de fotografias do Seminário: http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/SeminRioNacionalPNLLBibliotecasNoCultura

A Biblioteca Estadual de Niterói foi lembrada durante as discussões, dentre outras, como uma das possíveis bibliotecas referenciais a serem beneficiadas pelo programa +Cultura. Criada em 1935, esta foi a biblioteca central do antigo Estado do Rio de Janeiro, e é hoje a segunda biblioteca pública em importância no Estado. Com 75 mil volumes, guarda preciosidades da memória fluminense, incluindo livros e documentos raros.
Segundo Ana Lígia Medeiros, diretora do Departamento Geral de Bibliotecas do Estado do Rio: “Pela sua história e também pela sua arquitetura, a Biblioteca Estadual de Niterói deve oferecer ao cidadão acomodações mais modernas”. Hoje, afirma, “recebemos cerca de 400 pessoas por dia, mas temos possibilidade de ampliar esse público”.

A BEN está instalada num prédio em estilo neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, ocupando uma área de 1500m2, em dois pavimentos, na bela Praça da República, no centro de Niterói. Ali funcionam as salas de pesquisa e empréstimo domiciliar, sala de cursos e salão para exposições, além da Academia Fluminense de Letras.

Em recente visita à BEN, o Deputado Rodrigo Neves prometeu empenhar-se na busca de recursos para as obras do prédio que há 25 anos não passa por uma reforma abrangente.
Para mais informações, acessar:
http://www.bperj.rj.gov.br/eventos.asp?mes=10&ano=2007

Roberto dos Santos Almeida: saudação a Aníbal Bragança




Um dos pontos altos - ao lado do recital de Francisco Frias - da solenidade de entrega do título de Intelectual do Ano a este neoblogueiro foi a bela e generosa saudação feita pelo professor, escritor e crítico Roberto Santos Almeida.

Atendendo a solicitações, colocamos à disposição de nossos raros leitores o seu texto, que começa assim:

Machado de Assis registrou em “Esaú e Jacó” que o “o homem é um alfabeto de sensações”. Hoje, com inegável justiça, a LIVRARIA IDEAL e o GRUPO MÔNACO DE CULTURA homenageiam um homem que soube e sabe dar sensações extraordinárias ao alfabeto, apaixonado que é, desde a infância, pelo mundo das letras.

Brasileiríssimo, nascido em Portugal – precisamente na Vila da Feira (atual Santa Maria da Feira), no distrito de Aveiro – no dia 16 de julho de 1944. Aluno do Colégio Nilo Peçanha e do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, num certo tempo, lá pela década de 60, chegou a gerente de banco, local onde conheceu Victor Alegria, que o iniciou na paixão de sua vida – a arte de ser livreiro. Logo adiante, ao lado dos amigos Renato Silva Berba e Carlos Alberto Jorge, criou a Diálogo Livraria e Editora, certamente um marco cultural na vida de Niterói, mas que, um dia, em plena quartelada militar, foi invadida pela truculência da polícia política, com o nosso homenageado de agora sendo preso. A vida fluiu desde aí, felizmente, e o golpe da ignorância militar morreu, pois, como disse nosso José de Alencar, “só a ignorância aceita e a indiferença tolera o reino das mediocridades”, e o nosso intelectual de 2007/2008 foi ampliando suas atividades como livreiro.

Leia o texto completo, clicando abaixo:

A foto acima é de Ricardo Hallais Walsh.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Intelectual do Ano – Relato aos ausentes e presentes


Fotografias de Ricardo Hallais Walsh gentilmente cedidas.
Conforme previsto, aconteceu no Teatro da UFF, a solenidade de entrega do título de Intelectual do Ano, 2007/2008, a este neoblogueiro, no último dia 1º, sábado. Com os amigos sendo recebidos pelo homenageado na entrada, foi com algum atraso que se deu o início dos trabalhos, marcado para as 10h.

O presidente Carlos Mônaco formou a mesa diretora com representantes de entidades da vida cultural niteroiense (leia o pos-scriptum).

Na platéia, que enchia o teatro, representantes da vida literária, universitária e artística da cidade, além de amigos, familiares e colegas.

Após o hino nacional, foi chamado ao palco o concertista e professor da UFF, Francisco Frias. Seu recital encantou e emocionou a todos, que o aplaudiram demoradamente.

A seguir, falou Carlos Mônaco, fazendo um histórico da homenagem Intelectual do Ano que o Grupo Mônaco de Cultura criou em 1987, relembrando as personalidades que a receberam até a edição anterior, a vigésima.

Seguiu-se a fala concisa do presidente do Grupo, jornalista e escritor Luís Antônio Pimentel.

Representando a Universidade expressou-se o Vice-Reitor, prof. Emmanuel Paiva de Andrade, manifestando regozijo pela homenagem e pela sua realização no espaço da UFF, dando as boas-vindas a todos.

Chamado a fazer a apresentação do homenageado, Roberto Santos Almeida, discursou generosa e brilhantemente sobre a trajetória deste neoblogueiro, desde sua chegada ao Brasil e à cidade de Niterói, em 1956, destacando aspectos de sua formação e atuação profissional.

A seguir foi feita a entrega ao homenageado da placa de prata, alusiva à distinção, por Carlos Mônaco, Luís Antônio Pimentel e Roberto Santos Almeida.

Assim, chegou a vez deste neoblogueiro apresentar seu discurso de agradecimentos àqueles que, desde que aportou no Brasil, o acolheram e ajudaram, incentivando o desenvolvimento de uma trajetória onde as dificuldades temperaram a determinação em busca dos objetivos superiores em que empenhou o melhor de seus esforços.
Leia a íntegra do discurso "Ser ou não intelectual", clicando aqui:

A seguir, deu-se o encerramento da solenidade e o início de uma grande confraternização entre os presentes, que se estendeu, para alguns, ao almoço no restaurante A Mineira, em S. Francisco.

Iglair Paes Lannes escreveu: “Escolha impecável do homenageado, bela cerimônia, belo recital do Francisco Frias, muitos amigos presentes”.

Veja os álbuns de fotografias disponíveis em:
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDocumentosMDia
e
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDeRicardoHallaisWalsh
Na ocasião, o vereador Fernando de Oliveira Rodrigues entregou ao homenageado Moção de Congratulações aprovada em sessão plenária de 27/11/2007 da Câmara Municipal de Niterói. O texto da moção, em documento assinado pelo proponente e pelo presidente do legislativo,
vereador José Vicente Filho, afirma em seu último parágrafo:

“O agraciado, por sua história memorável e trajetória de sucesso, com um currículo ímpar e uma vida repleta de realizações, conquistas e vitórias, e por ser um profissional reconhecido e pessoa digna, de mais lídima e honrosa conduta, reputação ilibada, homem e cidadão sério e íntegro, que sempre conduziu suas relações pessoais e profissionais com sinceridade, transparência e honestidade, legitima-se, definitivamente, a ser merecedor de mais esta justa e singela homenagem ora prestada.”

Leia a íntegra do documento em:
http://picasaweb.google.com.br/anibalbraganca/AnBalBraganAIntelectualDoAnoFotosDocumentosMDia/photo#5141316097440225522
Os ritos marcam de forma indelével a vida das pessoas. Obrigado a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que fosse tão feliz esse momento, aos que estiveram presentes e todos os que, ausentes fisicamente, se manifestaram de diferentes formas, como telefonemas, telegramas, cartas e cumprimentos. Este, rara e raro leitor, será um dos mais ricos em significados na memória deste neoblogueiro.
PS: A mesa diretora dos trabalhos, composta pelo seu presidente, Carlos Mônaco, foi integrada por Jorge Loretti, desembargador e ex-professor da UFF, presidente da Academia Niteroiense de Letras; Edmo Rodrigues Lutterbach, promotor e procurador de Justiça, presidente da Academia Fluminense de Letras, Luís Antônio Pimentel, presidente do Grupo Mônaco de Cultura, Márcia Pessanha, presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras, professora e diretora da Faculdade de Educação da UFF, José Alfredo de Carvalho, presidente da Academia Brasileira de Literatura, Mila Barbosa, presidente da Associação Niteroiense de Escritores, Salvador Mata da Silva, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Tomaz Lima, presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira do Estado do Rio de Janeiro, Orlando Cerveira, presidente do Clube Português de Niterói, e Neide Barros Rego, diretora do Centro Cultural Maria Sabina. Integraram também a mesa: Emmanuel Paiva de Andrade, professor e vice-reitor da UFF, Humberto Machado, professor e pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFF, Maria Felisberta Trindade, professora da UFF e presidente do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Niterói, além de Roberto Santos Almeida, escritor e professor da UFF, que iria fazer a apresentação do homenageado, e este.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aníbal Bragança, Intelectual do Ano



Este neoblogueiro, sim, rara leitora, foi escolhido pelo Grupo Mônaco de Cultura como Intelectual do Ano, uma honraria que eleva e distingue o nome de quem a recebe no cenário da vida literária niteroiense e mesmo na da Velha Província.

O Grupo Mônaco de Cultura foi fundado, com a denominação de Grupo de Amigos do Livro, em 16 de junho de 1957. A honraria “Intelectual do Ano” foi criada em 1987, quando o homenageado foi o jornalista Alberto Francisco Torres, então diretor-presidente de O Fluminense, tradicional jornal do Estado do Rio de Janeiro. Esta é, portanto, a sua 21a. edição.

A Livraria Ideal, à qual o Grupo Mônaco de Cultura está vinculado, é dirigida pelo mestre Carlos Silvestre Mônaco. Foi criada pelo seu pai, Silvestre Mônaco, e Emílio Petraglia. Comemorou em 2007 o seu 72º aniversário de fundação. Situa-se no Calçadão da Cultura, Rua Visconde de Itaboraí, 222, em Niterói (RJ). Tel. (21) 2620-7361.

A honraria tem como precursora e, talvez inspiradora, a conferida, desde 1963, pela União Brasileira de Escritores (UBE), com o mesmo título “Intelectual do Ano”, e que tem desde o início o patrocínio do jornal Folha de São Paulo, na qual cabe ao escolhido o Troféu Juca Pato.

Ao contrário da honraria concedida pela UBE, onde o prêmio é definido após escolha feita por voto de um colégio eleitoral amplo, esta é definida por consenso entre os integrantes do informal Grupo Mônaco de Cultura, presidido pelo jornalista e escritor Luís Antônio Pimentel. Na escolha feita pela UBE há também uma vinculação a uma obra publicada no ano anterior.

Esta modalidade, assim como a da escolha do patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, onde um colégio restrito escolhe dez nomes de escritores gaúchos que, após, são submetidos a uma consulta ampliada, ou mesmo a antiga – já extinta? – honraria anual Homem de Idéias criada pelo Jornal do Brasil, na qual o escolhido era fruto da votação dos já laureados, poderia ser lembrada para as futuras escolhas do Intelectual do Ano pelo Grupo Mônaco de Cultura. Fica a sugestão.

Supondo que, neste caso, o mérito da escolha cabe mais ao patrimônio de amizades construído durante décadas do que aos trabalhos desenvolvidos em favor da cultura niteroiense e do livro no Brasil, estaremos recebendo os amigos, colegas e familiares, e também a placa Intelectual do Ano 2007-2008, no Teatro da UFF (Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense), à Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí, Niterói (RJ), no próximo dia 1º de dezembro de 2007, sábado, às 10h.

Certamente o melhor do evento poderá ser o recital de violão, mesmo breve, do magistral músico Francisco Frias. Caberá a apresentação deste neoblogueiro ao consagrado professor e escritor Roberto Santos Almeida, crítico literário de O Fluminense. Uma honraria e tanto! Obrigado.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Nikos Kazantzakis (1885-1957): homenagem no Pen Club do Brasil





O presidente do PEN Clube do Brasil, o poeta e professor Cláudio Murilo Leal, convida para a homenagem que lembrará os 50 anos da morte do escritor Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o Grego, Ascese, Odisséia, A liberdade ou a morte, O Cristo recrucificado, Testamento para El Greco, O Pobre de Deus, A última tentação, entre tantas outras obras-primas universalmente conhecidas, inclusive pelas versões feitas para o cinema.
Alexei Bueno, poeta, ensaísta e pesquisador dos mais brilhantes estará encarregado de apresentar a sua original visão do autor grego em palestra a ser proferida no dia 26 de outubro, sexta-feira, às 18h, na sede do PEN Club, Praia do Flamengo, 172, 11º andar, Rio de Janeiro.
Lamentamos profundamente não poder estar presentes, em virtude de compromisso em Porto Alegre, nas atividades da Feira do Livro que se inaugurará nesse dia, pois Nikos Kazantzakis é um dos autores que mais enriqueceram nossas pobres leituras, através da vida, especialmente com o seu clássico Zorba, o Grego. Base de um também inesquecível filme, com Anthony Quinn, no papel título.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Canção dissonante, Renato Augusto Farias de Carvalho



Tenho guardadas as escassas
horas
e as visões solenes
de Coimbra, do Porto,
os desenhos peninsulares
e sopros do Tejo
nas veias ibéricas do norte.

Trago o fado
no ardente peito
faço-me inteiro
ternura
sina e
saudade.

Estou cercado de ti, Lisboa dos
meus presságios. Ergo daqui meu
vinho verde
- para ver-te -
bem ao pé da Baixa
e seguir a Belém; depois
Faro, Óbidos e Santarém.

Oculto-me em trapos e versos
para abraçar-te, incólume Portugal do sol
vespertino. E deito-me, no leito de alvas
pedras, no mar da Ericeira.

In Vinho e verso. Manaus: Editora Valer http://www.valer.com.br/ . 2005, p. 29. Ilustração da capa: Miguel Coelho

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul

O Centro de Memória da Unicamp e a Editora Arte Escrita convidam para o lançamento do livro de Maria Lygia Cardoso Kopke Santos, Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul.
Dia e horário: 17/10/2007, quarta-feira, a partir das 17:30h
Local: Salão Nobre da Faculdade de Educação da Unicamp, Rua Bertrand Russel, 801 – Campus – Barão Geraldo – Campinas – SP
Tel. (19) 3521-5250 – Centro de Memória da Unicamp (CMU)


A convite da autora, escrevemos sobre esse livro um pequeno texto para a 4a. capa:

Sobre Entre louças, pianos, livros e impressos: Casa do Livro Azul
Aníbal Bragança


Maria Lygia Cardoso Köpke Santos, com maestria e rara sensibilidade, descortina ao leitor, ao construir a história da Casa Livro Azul, as grandes transformações socioeconômicas e culturais da cidade de Campinas, das últimas décadas do século XIX a começos do XX.

Tendo como principal inspiração o olhar iluminado de Michel de Certeau, a autora nos mostra, com brilho e originalidade – em boa parte sua pesquisa foi feita a partir da análise dos anúncios publicados em jornais –, como então se formaram na cidade as modernas práticas de uma sociedade escriturística, expressas nas novas demandas por papéis, livros e outros produtos tipográficos.

A obra insere-se, de forma marcante, no conjunto de estudos pontuais e regionais que vêm ajudando a construir a história da cultura letrada em nosso país, em boa hora, quando se aproxima o bicentenário da hipertardia instalação definitiva no país da “famosa arte da imprimissão” ao ser criada pelo príncipe D. João, em 1808, a Impressão Régia do Rio de Janeiro.

Leia um excerto do mesmo livro, clicando abaixo (postagem deste blog feita em 5 de março de 2007):
Da leitura do fim de semana, a dissertação de Maria Lygia Cardoso Köpke Santos, em um rico depoimento

sábado, 13 de outubro de 2007

40 anos de fundação da Livraria Diálogo, em Niterói


(Imagens do arquivo pessoal.)
Em outubro de 1967, no bairro do Ingá, em Niterói, a Livraria Encontro transformava-se na Livraria Diálogo, tendo como sócios principais Aníbal Bragança, Renato Berba e Carlos Alberto Jorge (em primeiro plano, na foto acima - do 1º aniversário -, da direita para a esquerda. Ao fundo três dos principais colaboradores na época: Zezinho, irmão de Aníbal, Wander de Assis e Luís).
A Livraria Diálogo, hoje de propriedade de Antônio Gomes Eduardo, também dono da Livraria Gutenberg, tem um lugar marcado na história da cultura da cidade de Niterói. E poderá mesmo transformar-se em objeto de pesquisa de algum historiador interessado em conhecer as transformações da vida literária e da cultura da antiga capital fluminense nas quatro últimas décadas do século XX.
Aos que participaram da construção dessa história ou que a desejam conhecer um pouco,
sugerimos que acessem o texto:
AB - "Ave Cesar! Viva Cesar! Apresentação de Um sol maior que o sol, de Cesar de Araujo"
nos Arquivos do e-grupo Cultura Letrada, clicando em: http://groups.google.com/group/cultura-letrada .
E ainda a entrevista concedida por Aníbal Bragança ao historiador Fábio Ferreira, publicada na revista de História, Tema Livre, acessível na Internet, em:
Para ver o Álbum de Fotografias de vários momentos da trajetória profissional do ex-livreiro e atual professor e pesquisador Aníbal Bragança, incluindo fotos do começo das atividades da Livraria Diálogo, clique abaixo:

Se a rara ou raro leitor deste espaço tiver algum registro a fazer, algum dado a acrescentar, um documento qualquer que possa ser útil à construção da história das livrarias Encontro, Diálogo, LUFE, Pasárgada e Sebo Fino, pedimos que o informem fazendo um "comentário" abaixo que nos permita chegar até ele. Obrigado.

Livrarias como espaços de sociabilidades intelectuais, Aníbal Bragança

No Brasil, onde a tipografia chegou tardiamente e com muitos controles na circulação dos impressos, só no século XIX foi possível criar-se um ambiente favorável às discussões públicas. Após a Independência foram-se ampliando as possibilidades de desenvolvimento da indústria editorial e da imprensa expressar o pensamento múltiplo, e muitas vezes conflitante, da sociedade civil. Surgia, num país de poucos leitores, uma brecha para o fortalecimento da cultura letrada.

Segundo Ubiratan Machado, foram as primeiras gerações do romantismo que iniciaram “a tradição dos escritores se reunirem em livrarias”, que se transformaram, segundo ele, “quase em clubes de bate-papo literário”. Uma das primeiras a se destacar como local de encontro de escritores foi a Tipografia Dois de Dezembro, de Paula Brito, na antiga Praça da Constituição (hoje Tiradentes) em meados do século, onde se destacavam os nomes de Joaquim Manuel de Macedo, Teixeira e Souza, Laurindo Rabelo, Araújo Porto-Alegre, Manuel Antônio de Almeida, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e os então jovens Salvador de Mendonça, Casimiro de Abreu e Machado de Assis, que chegou a colaborar com Paula Brito em suas publicações. Lá se criou uma espécie de sociedade chamada Petalógica, cujos objetivos explícitos eram “tagarelar e fazer chiste”, mas que funcionava também como um de clube de auxílio mútuo.

A Garnier, quando inaugurou a loja na Rua do Ouvidor, em 1899, segundo Brito Broca, oferecendo a todos os convidados um volume de Machado de Assis, com a assinatura do autor, tornou-se o espaço privilegiado para os encontros da intelectualidade fluminense, já então tendo em Machado uma figura proeminente, ao lado de José Veríssimo, Silvio Romero, Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Mário de Alencar. O livreiro francês chegou a colocar poltronas na livraria para receber os escritores, jornalistas e artistas que a freqüentavam.

Outras livrarias que se destacaram nessa área, no Rio de Janeiro, foram a José Olympio, especialmente em sua sede da Rua do Ouvidor, 110, inaugurada em 1934, em frente ao prédio da Garnier. Lá despontavam José Lins do Rego, Francisco de Assis Barbosa, Octávio Tarquínio de Souza, Rachel de Queiroz, Marques Rebelo, Santa Rosa, Portinari, Gilberto Freire, Adalgisa Nery, Lúcio Cardoso e muitos outros, como nos conta o próprio Graciliano, em Linhas Tortas, e mais recentemente Lucila Soares, jornalista e neta de JO, no excelente Rua do Ouvidor, 110.

A Livraria São José, especialmente nos tempos áureos do “mercador de livros” Carlos Ribeiro, que se instalou por conta própria em 1940. A cronista Eneida, ao fazer o seu perfil, lista alguns de seus habituais freqüentadores, como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Josué Montelo, Herman Lima, Aurélio Buarque de Holanda dentre muitos outros. A moda das tardes de autógrafos se iniciou na São José na década de 1950.


Silvestre Mônaco trouxe a novidade para Niterói, começando seus lançamentos nas manhãs de domingo, na Livraria Ideal, da antiga Rua da Praia, hoje Visconde do Rio Branco, que levaram à criação do Grupo de Amigos do Livro, hoje Grupo Mônaco de Cultura, que congrega semanalmente muitos autores e leitores no chamado Calçadão da Cultura.

Outras livrarias em Niterói se notabilizariam como espaço de encontros entre autores e leitores, como a Encontro/Diálogo, a Casa da Filosofia, a Sapiens, a Pasárgada, a Gutenberg e a Ver-e-Dicto. Exemplos que destacam a antiga capital fluminense nas sociabilidades intelectuais ligadas à cultura do impresso.

Artigo publicado originalmente em O Prelo, Revista de Cultura da Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. Niterói: ano V, nº 15, set/nov.2007, p. 21

Lembrança de Roberto Alvim Corrêa, por João Alexandre Barbosa



No meio de centenários literários ilustres – o de Murilo Mendes, o de Cecília Meireles e os próximos de Carlos Drummond de André e de Augusto Meyer –, o de Roberto Alvim Corrêa (1901-1983) passou esquivo e sem menção, de certa forma mimetizando o próprio professor, editor e crítico literário.

Na verdade, era um homem esquivo e discreto que somente a conversação ou a correspondência com amigos deixava ver toda a riqueza de suas experiências e, sobretudo, de suas inquietações.

Pelo menos, foi sempre esta a impressão que me passou quando o conheci nos inícios dos anos sessenta em que, já sendo autor de dois livros de ensaios críticos, Anteu e a Crítica, de 1938, e O Mito de Prometeu, de 1951, assim como de uma tese de concurso em literatura francesa, François Mauriac, essayste chrétien, também de 1951, e que circulou, em francês, numa pequena tiragem editada pela Editora Agir, publicou o seu Diário, em 1960, e sobre o qual escrevi uma resenha no ano seguinte ao da publicação. E a tanto se resume a sua obra escrita e publicada. (...)

Entretanto, além de ter sido um dos diretores, juntamente com Alceu Amoroso Lima e Jorge de Sena, da prestigiosa e útil coleção Nossos Clássicos, da Agir, teve uma atuação editorial surpreendente.

É que ele criou e dirigiu, entre 1928 e 1936, em plena Paris daquela festa descrita por Hemingway, uma editora que, sob o selo de Éditions Corrêa, publicou obras e autores importantes da literatura francesa, sobressaindo os seis volumes de Approximations e os quatro do Journal, de Charles du Bos, assim como ensaios do crítico Albert Béguin, autor do admirável L’âme romantique et le réve, além de obras de Jacques Maritain, François Mauriac, Gabriel Marcel, Marcel Raymond, entre outros.
(...)

Tudo isso para uma reconstrução daquilo que foi o aspecto mais instigante de sua biografia, o do criador de uma editora européia, e que terminou por ter importância em sua própria atividade intelectual, dando-lhe uma generosa tendência à disseminação da cultura francesa no Brasil nos anos quarenta e cinqüenta, como foi anotado por Drummond em sua crônica.

Excerto do artigo de João Alexandre Barbosa (1937-2006), publicado originalmente na revista Cult, S. Paulo, ano V, nº 55, e depois editada como parte integrante do livro Mistérios do dicionário, S. Paulo: Ateliê, 2004. Leia o texto integral do artigo nos Arquivos do e-grupo Cultura Letrada http://groups.google.com/group/cultura-letrada .

Para se conhecer o pensamento crítico de Roberto Alvim Corrêa, deve ler-se também o número especial da revista Tempo Brasileiro, “Prometeu e a crítica”, nº 55, Rio de Janeiro: out.-dez./1978.
A reconstrução de sua atividade de editor em Paris, a que se referiu João Alexandre Barbosa, infelizmente ainda não se fez. Sua neta, a bibliotecária Anne Marie Lafosse Paes de Carvalho, depositária de parte do seu arquivo pessoal, poderá fazê-la como uma de suas pesquisas no LIHED/UFF – Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil da Universidade Federal Fluminense. Será bela forma de homenagear a figura querida de seu avô e também de dar uma bela contribuição à história editorial franco-brasileira.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

No teatro, uma viagem no tempo: o Rio civiliza-se!

Com um belo elenco, formado por jovens atores, o diretor Leonardo Simões, reapresenta, em quarta temporada, sua peça Encontro de Machado de Assis & Arthur Azevedo, reunindo textos curtos dos dois autores, muito diferentes, que viveram a mesma época de grandes transformações na cidade do Rio de Janeiro e na sociedade carioca, na virada do século XIX para o XX. Nada lhes escapou, especialmente a dupla vida das classes médias, na intimidade e na vida pública.

A peça desenvolve-se de forma itinerante nos belíssimos espaços do Solar do Jambeiro, um exemplar excepcionalmente bem conservado da arquitetura do século XIX, hoje espaço cultural da Prefeitura de Niterói. Na viagem, guiada por Machado e/ou Arthur Azevedo, percorrem-se situações, em geral, engraçadas ou líricas, que nos levam à Belle Époque, com seus contrastes e conflitos vinculados às grandes transformações urbanas da época, com pausas para pequenos saraus e leituras à luz de vela. Destaque para a leitura do conto, de Machado, A Missa do Galo.

A peça, que antecipa as comemorações que marcarão os 100 anos de morte de Machado e Arthur Azevedo, ambos falecidos em 1908, faz com que saiamos do Solar do Jambeiro com a alma enriquecida pelos excelentes textos literários apresentados, pelas músicas muito bem executadas, e por uma encenação que nos faz esquecer que estão ainda em formação os atores. Mérito certamente do experiente diretor e de sua equipe. Os figurinos e a iluminação são de muito bom gosto. Parabéns.

Todas as sextas-feiras, às 19h, de 12 de outubro a 14 de dezembro de 2007.
No Solar do Jambeiro, Rua Presidente Domiciano, 195 - Ingá, em Niterói - RJ.
Reservas pelo telefone (21) 2109-2222.
Outras informações: encontromachadoearthur@gmail.com
Faça uma visita virtual ao Solar do Jambeiro http://www.solardojambeiro.com.br/

Agenda cultural e algumas dicas


Lançamentos de livros:



Bons Ventos – a trajetória vencedora da família Schmidt Grael, de Rogério Daflon, publicado pela Editora Senac-Rio.
18 de outubro, 19:00, Rio Yacht Club. Estrada Fróes, 418, São Francisco - Niterói-RJ

Ávida palavra, de Lena Jesus Ponte (veja convite, acima)
25 de outubro, de 18 às 22h, Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Campo de S. Bento, Niterói
O canto da unidade. Em torno da poética de Rumi, de Marco Lucchesi e Faustino Teixeira
18 de outubro, 19:00, na Livraria Letras e Expressões
Av. Ataulfo de Paiva, 1292, loja C - Leblon - Rio de Janeiro


Evento internacional sobre a Língua Portuguesa:
XXVI Convenção Elos Internacional 2007
Tema “O futuro do Elismo e da Língua Portuguesa na ONU”.
18 de outubro, abertura: 17 h. Até 21 de outubro.
Teatro Popular Oscar Niemeyer, Caminho Niemayer, Niterói - RJ
Informações: elosclube.niteroi@gmail.com


Concursos literários:

Concurso Literário Professor Horácio Pacheco (poema, crônica ou conto)
Promovido pela Academia Niteroiense de Letras (ANL) em parceria com a Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IO); objetiva premiar textos inéditos, escritos obrigatoriamente em língua portuguesa.
Inscrição: 22 de outubro a 21 de dezembro de 2007. Grátis.
Mais informações:
http://www.academianiteroiense.org.br/

I Concurso Nacional de Literatura Arti-Manhas - “Prêmio Luís Antônio Pimentel de Literatura”
Comemoração do terceiro aniversário do sítio virtual Arti-Manhas, coordenado pelo artista plástico Porto Filho.
Mais informações: http://www.arti-manhas.com/


Espaços virtuais a visitar ou revisitar:

Blog do Galeno
http://www.blogdogaleno.com.br/
Coordenação de Galeno Amorim
Tudo ou quase tudo sobre o que acontece na área do livro e da leitura no Brasil, inclusive na área das políticas públicas.


A terceira gaveta, de Henrique Chaudon
Espaço de criação, reflexão e compartilhamento do
excelente poeta e marceneiro
http://aterceiragaveta.blogspot.com/

Leitores & Livros
Conheça o trabalho de Luiz Gadelha em prol do livro e da leitura.

Visite o sítio virtual: http://www.leitoreselivros.com.br/maisleit.htm


Portal de Cultura e Política de Niterói
O trabalho e a ação política do vereador André Diniz em favor da vida cultural niteroiense.
http://www.andrediniz.com.br/

A Quitanda do Chaves
Blog de Wilton Chaves, do Rio de Janeiro, sociólogo, vascaíno e caminhante. Ex-profissional do livro que tem excelentes histórias de livros, livreiros e editoras. Suas matérias são sempre ilustradas com reprodução de obras de arte. A última é do grande Quirino Campofiorito.
http://quitandadochaves.blogspot.com/

E ainda:


Estudar na França? Conheça a Segunda Caravana França-Brasil
O CampusFrance realiza salões e palestras sobre estudos na França no Rio de Janeiro,
em Belo Horizonte e Salvador, de 22 a 27 de outubro de 2007
No dia 23 de outubro, terça-feira, palestras e salão para estudantes, no Rio de Janeiro
Local: Maison de France, Av. Presidente Antônio Carlos, 58
14h00 – 14h40 Palestra sobre os estudos superiores na França (teatro)
14h40 – 15h30 Mesa-redonda sobre a importância da experiência internacional (teatro)
15h30 – 20h00 Salão para estudantes com a presença de instituições francesas de ensino (12.º e 13.º andares)
Mais informações:
http://www.edufrance.com.br/2/

Como cuidar e manter sua biblioteca:

Leia as notícias e conheça a programação da
Associação Brasileira de Encadernação e Restauro – ABER
http://aber.locaweb.com.br/
Encadernação, douração, higienização, pequenos reparos, álbuns de fotografias... Oferece vários cursos nos próximos meses, em São Paulo. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.
Rara e raro leitor, são muitas as possibilidades de exercer sua vocação intelectual e seu amor pela escrita, pela leitura e pelos livros. Aproveite. Se tiver alguma dica ou sugestão, envie-nos. Poderemos aproveita-la na próxima agenda cultural.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Antônio Hohlfeldt, patrono da 53ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre

Considerada por muitos a mais tradicional feira de livros do Brasil, reúne milhares de leitores, autores, livreiros e editores, ao ar livre, em torno da Praça de Alfândega e seus arredores, na capital gaúcha. Com Antônio Hohlfeldt como patrono, será aberta dia 26 de outubro e se estenderá até 11 de novembro de 2007, com uma programação intensa que inclui sessões de autógrafos, palestras, oficinas e apresentações artísticas.

Mais informações sobre a Feira: http://www.camaradolivro.com.br/

Sobre o patrono da 53ª edição:

Antônio Carlos Hohlfeldt nasceu em Porto Alegre, em 22 de dezembro de 1948. Consegue conciliar, de forma brilhante, suas atividades de pesquisador das áreas de Comunicação e Letras com as de jornalista, escritor e político. Dentre outros cargos, foi eleito, em 2002, para exercer o mandato de Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, ao lado do Governador Germano Rigotto.
Professor da PUCRS, onde leciona na graduação e no Programa de Pós-graduação em Comunicação, é ensaísta, romancista, autor de inúmeros artigos e livros, inclusive de literatura infantil. É coordenador do Núcleo de Pesquisa de Jornalismo, da Intercom. Escreve coluna semanal de crítica teatral no Jornal do Comércio, de Porto Alegre. Recentemente recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação 2007, concedido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) aos pesquisadores que mais se destacam na área.

A questão do preço único para o livro no Brasil voltou à discussão

Mileide Flores, da Livraria Feira do Livro, de Fortaleza, uma guerreira em defesa das livrarias e do livro, distribuiu informações e sugeriu leituras para a qualificação do debate, que consideramos muito pertinentes e passamos a nossas raras e raros leitores:

Sá-Earp, Fábio e Kornis, George (2005). A economia da cadeia produtiva do livro. Rio de Janeiro. BNDES. Disponível gratuitamente em: http://www.bndes.gov.br/conhecimento/publicacoes/catalogo/ebook.asp

O texto: “A questão do preço único: uma contribuição da Editora SENAC/SP”, disponível para acesso nos "Arquivos" do e-grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada

E o livro:
Gerlach, Markus (2006). Proteger o livro: desafios culturais, econômicos e políticos do preço fixo. Rio de Janeiro. LIBRE.

Sugerimos também a leitura da revista
Pensar el libro, publicada pelo CERLALC (Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe, com um número especial sobre o preço fixo (em espanhol). Acessível em: http://www.cerlalc.org/revista_precio/n_articulo09.htm

O tema foi retomado na 17ª Convenção Nacional de Livrarias que aconteceu entre os dias 10 e 12 de setembro último, no Rio de Janeiro.
Mais informações: sítio da Associação Nacional de Livrarias:
www.anl.org.br

A questão, como sabem nossas raras leitoras e leitores, é de grande interesse, pois visa proteger as pequenas e médias livrarias diante do poder avassalador das grandes redes de comercialização do livro, que tem levado à redução do número, já tão pequeno em nosso país, dessas livrarias, fundamentais para as editoras e para o leitor cujos interesses vão além dos best-sellers. A questão, como se pode imaginar, é complexa, por isso, está em discussão. Contribua com seu comentário.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Marcus de Moraes, in memorian

Foi sepultado hoje no Cemitério do Marui, em Niterói, Marcus Felicius Ayrosa Fernandino de Moraes, brilhante advogado e ser humano exemplar. Dele guardo, em especial, a convivência fraterna no período em que estivemos juntos servindo a um projeto político na Prefeitura Municipal de Niterói. Dessa convivência, saí com a certeza que há homens capazes de fazer política sem se deixar corromper. Marcus de Moraes foi um desses homens raros. Seu saber, dignidade e elegante discrição eram um exemplo para todos nós, seus amigos e admiradores. Niterói, a política fluminense e o saber jurídico sofrem uma grande perda. Perco eu uma das referências e um gentil amigo. Duras perdas, hoje.

Em 1963, Marcus de Moraes publicou este soneto:

A Ela

Dourado pomo de passada infância,
amor medroso de querer demais,
meu caminho perdido na distância
que o retorno do tempo não refaz.

Desejo de viver como a fragrância,
trespassado de sol, de luz, de paz.
Revérbero de rubra rutilância
que o retorno do tempo hoje me traz.

Beijos de luz de minha meninice,
aurora de esperanças que se abrisse
em claridade mística de cor,

no chão que piso há catassóis esparsos,
iluminuras dos teus olhos garsos,
desejos novos do teu velho amor!

In 37 poetas fluminenses, 1963, p. 150.


MARCUS DE MORAES (16/07/1929-8/10/2007), poeta, jornalista, advogado, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1929. Passou sua infância em Cachoeiras de Macacu. Em 1944, radicou-se em Niterói, onde estudou no Colégio Brasil, Colégio Plínio Leite e na Faculdade de Direito de Niterói, onde se formou em 1953. Foi orador de quase todas as turmas e agremiações a que pertenceu, inclusive, da antiga Associação Fluminense de Estudantes. Assinou, durante algum tempo, “A Coluna do Trabalhador”, no jornal Diário do Povo, de Niterói, colaborou no O Gládio, jornal da faculdade, e nos jornais Hoje e Diário Fluminense, neste como colunista diário, em 1961. Tem trabalhos poéticos publicados em revistas e jornais e no livro 37 Poetas Fluminenses, de 1963, Edições Letras Fluminenses (Niterói-RJ), com prefácio de Lyad de Almeida e capa de Luís Antônio Pimentel. Publicou Almenaras, uma seleção de poemas produzidos até 1963, e deixa inédito um outro livro de poemas, De sonhar, ao menos.

Membro da Academia Fluminense de Letras. Foi advogado do BNDES e procurador do então Estado da Guanabara. Amigo do governador Leonel de Moura Brizola, foi advogado do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Exerceu vários cargos públicos, dentre eles o de Procurador Geral do município de Niterói e também no município do Rio de Janeiro. Recentemente publicou uma obra jurídica.

Fonte principal: Enciclopédia de Niterói, de Luís Antônio Pimentel, Obras Reunidas 1, organização de Aníbal Bragança, Niterói Livros, 2004, p. 208-9.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Alcione Fernandes Baptista, adeus!

Conheci Alcione, estudante, freqüentadora da Livraria Encontro, depois, Diálogo, formando com Wagner Neves da Rocha e José Jeremias de Oliveira Filho, o trio de jovens intelectuais, formandos na área de Ciências Sociais, na UFF e na UFRJ, em 1966/1967. Eram os maiores compradores de livros da então recém-fundada livraria e certamente os maiores leitores dessa geração.

Alcione se destacava também por sua coragem cívica. Morando perto da livraria, percebeu logo quando esta reabriu após ter sido saqueada e fechada pós-AI-5. Foi a primeira a entrar e prestar solidariedade. Nem todos tiveram essa atitude, receando comprometer-se numa época de medos e ameaças.

Desde esse tempo Alcione esteve no bom combate. Escreveu a tese "O povo capturado na apreensão do Brasil. Uma releitura dos estudos brasileiros de folclore: 1945-1964", defendida na Universidade Federal Fluminense em 1986, que infelizmente não foi ainda publicada, embora suas qualidades sejam sempre louvadas.

Pequena mostra do perfil intelectual e do lugar social ocupado por Alcione se pode perceber no texto do discurso que fez em homenagem ao artista plástico Miguel Coelho, quando este foi homenageado na Câmara Municipal de Niterói, em 2002, do qual extraímos este excerto:

(...)
As reuniões da casa de Dr. Paulo eram realizadas nas noites de sexta-feira. Nos acontecimentos especiais ou quando recebiam visitas ilustres, transferiam-nas para as tardes de sábado. Houve o impacto da visita de Dona Célia Guevara, mãe de Che Guevara, no momento decisivo da Revolução Cubana.
Estiveram em casa de Dr. Paulo artista do porte de Frank Schaeffer e do casal de pintores franceses Roger e Júlia van Roger. Gente da expressão de Newton Rezende e Iberê Camargo.
O crítico literário Agripino Griecco deixava o Jardim do Méier e marcava presença na Quinze de Novembro. Achilles, Ruy, Magro e Miltinho, via CPC da UNE, criavam o MPB-4. E lá cantavam o “Subdesenvolvido”, onde diziam que os papagaios – que deslumbraram a frota de Cabral em 1500 – haviam se transformado em frangos das “Casas da Banha”, rede de supermercados da época.
Lou, poderosíssima jornalista da efervescente “Última Hora” – um espaço enorme em sua coluna diária – levava equipes da TV-Rio para a cobertura dos eventos. E Luís Antônio Pimentel, como sempre, fotografava tudo.
Participaram daquele movimento: Affonso Celso Nogueira Monteiro, Marta e Geraldo Reis, Alcinda e Geir Campos, as duas Marias Jacinthas – tia e sobrinha, Lou e Jacy Pacheco, Luís Antônio Pimentel, Renata e Dr. Aldo Rossi – com suas filhas Dália, Adriana e Lia Mônica, Maria Felisberta obviamente, Dayse Lemos, Irene Galindo e Dr. Alberto Hammerli – pais da bailarina Áurea e da profissional de saúde Ilara, o professor Tasso Moura, Lígia Lemme e Wilson Menezes, Jacy Pereira Lima – o Jacy Barbudo, Elza Sauerbronn, o médico Irun Santana, Irene e Rubem Guawer Wanderley, ela vereadora e ele engenheiro construtor. Com a diáspora da tragédia de 1964, foram residir na Bolívia.
Tive oportunidade de ir uma única vez à casa de Dr. Paulo. Eu era forasteira, adventícia, recém-chegada a Niterói. Fui na companhia do engenheiro Roberto Botelho Salles, filho do médico campista Dr. Walter Salles e de Dona Jacy, pessoas que Affonsinho conheceu muito. Enfim, expressões libertárias da cidade de Campos.
Pouco retive da reunião a que compareci: a primeira vez que vi o nosso pintor. Miguel era de uma visibilidade imensa, parecia personagem central do movimento da casa de Dr. Paulo.
Aproveito a oportunidade para fazer um agradecimento. Cheguei aqui em 1962 e posso dizer que entrei pela porta da esquerda. Tive sorte e olhos para ver. Na primeira hora, conheci Roberto e Affonsinho. Roberto me apresentou a Pimentel que, por sua vez, me apresentou à cidade e consolidou minha paixão por Niterói.
Conheci Lou, então destacada jornalista na imprensa do Rio, simpática, delicada, afável. E prima de Noel Rosa. Sem ter sido sua aluna, fui interlocutora privilegiada da teatróloga Maria Jacintha, o que me enchia de orgulho. Muito mais tarde, aproximei-me de Maria Felisberta. Nunca me filiei ao PCB. Ninguém acredita, porque assimilei suas formas de pensamento e militância.
Só que o “Mundo Livre” venceu o “Império do Mal”. Nos marcos da Guerra Fria, caiu a longa noite de 1964, a maior decepção de minha vida.
Miguel não perdeu a capacidade de instigar. O crítico Walmir Ayala promoveu uma exposição em Ipanema, com doze pintores. Cada um deveria expressar a sua concepção de Cristo. Miguel se inspirou no atleta Paulo César Lima que, aderindo à onda black-power de rebeldia dos negros norte-americanos fora apedrejado na Zona Sul, por estar com carro da moda e namorada loura.
Pintou uma tela agressiva, em que Paulo César ocupava o lugar de Cristo na cruz. A censura proibiu sua entrada na galeria. Viu o famoso Guima e outros artistas retirarem seus quadros e a exposição se realizou na calçada. A tela foi adquirida pela senhora Georgete Tauil Rodrigues que, com sua sensibilidade, captou o significado do episódio, naqueles anos de chumbo.

Foi na Livraria Diálogo, de Aníbal Bragança, Carlos Alberto Jorge e Renato – a primeira livraria de envergadura de Niterói – na rua Visconde de Moraes, que, em 1966, conversei com Miguel. Tempo da passeata dos Cem Mil. Miguel ilustrou o livro “O Menino de Belém”, do poeta César Araújo, movido pela morte do estudante paraense Edson Luís, no restaurante “Calabouço”, da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. E expunha na “Diálogo” no exato momento do Ato Institucional n° 5, em dezembro de 1968. Como ocorreu com todos os espaços da inteligência, lacraram a livraria e prenderam Aníbal. Os quadros foram retidos, inclusive a “Bandinha de Música”, tela preferida de Ludmila, ainda muito pequena.
(...)

Para ler o texto completo, acesse os "Arquivos" do e-Grupo Cultura Letrada:
http://groups.google.com/group/cultura-letrada

Alcione acaba de nos deixar órfãos de sua presença e sua amizade. Seu corpo está sendo velado e será enterrado amanhã, dia 9 de outubro, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, às 12h. Deixa-nos uma presença indelével, na vida política e cultural da cidade, e na memória: uma guerreira doce e fraterna combatendo ao lado dos que sonharam (e sonham?) com um mundo melhor.

domingo, 7 de outubro de 2007

Um ensaio filosófico a partir dos haicais de Luís Antônio Pimentel





(...)
A introdução da cultura ocidental no Oriente foi responsável por alterações na perspectiva de seus povos. No Japão, a presença da cultura ocidental-européia é registrada desde os séculos XVI e XVII. Enquanto doutrina possuidora de uma perspectiva, o cristianismo se consolidava principalmente entre a população camponesa até sua violenta repressão e seguida proibição no auge da dinastia dos Tokugawa (1616-1868). Essa deu início a um período de isolacionismo cultural, por um lado fecundo ao campo do pensamento e das artes nativas, de modo a falar-se de um renascimento daquela cultura e da superação do modelo cultural chinês, vigente desde o século IV. d.C.

Nesse período, vemos o cultivo do haicai com autores como Busson, Kobayashi e Issa. Entre esses, o último tornou-se, em sua época, mais conhecido do que o próprio Bashô ao introduzir inovações ao haicai. Não se tem notícia de que Issa tenha tido contato com a cultura judaico-cristã, mas constatam-se algumas características de seus poemas que o aproximam dessa e o distanciam do modo canônico de se fazer haicai.

Perspectiva recrudescida sob a Era Meiji (1868-1912), na qual se abriu a cultura à influência dos ocidentais deixando que o mundo europeu (representado nas artes pelo romantismo, simbolismo e impressionismo) infiltrasse o pensar japonês.

O contato com o mundo ocidental apresentou necessidades que até então o japonês não tinha. Promoveu a urgência de desenvolver vocabulário e gramática para dizer o que era experiência completamente exótica àquele. Nesse período, vê-se nas universidades européias, sobretudo nas de Letras e de Filosofia, grande procura de acadêmicos japoneses ávidos de tomar conhecimento daquele modo de pensar que não se contenta com a imediatez da coisa e se lança ao perscrutar a realidade-verdade.

Doravante, a distinção entre Ocidente e Oriente passaria a não ser mais uma convenção geográfica das fronteiras entre os hemisférios do globo, Ocidente passa a ser a denominação de
uma visão de mundo que acomete outra e que faz com que encontremos também na segunda a preocupação em pensar o universal de todas as coisas. Essa preocupação parece refletir no
Oriente quando presenciamos questionamentos formulados no interior de haicais, como Pimentel evoca:

Que é um haicai?
É o cintilar das estrelas
num pingo de orvalho.
(...)

O livro Verdade-Metafísica-Poesia – Um ensaio de filosofia a partir dos haicais de Luís Antônio Pimentel, do qual retiramos o excerto acima, é de Roberto Kahlmeyer-Mertens, professor universitário, doutorando em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Kahlmeyer-Mertens escreveu um ensaio filosófico, denso, profundo, mas claro e leve, que, a partir da análise da poesia haicai de Luís Antônio Pimentel, aponta para as hibridizações entre as culturas ocidental e oriental. Leitura muito agradável e enriquecedora que recomendamos aos nossos raros leitores.

A obra, editado pela NitPress http://nitpress.tripod.com/ , foi lançada na Bienal Internacional do Livro, do Rio de Janeiro, em 22/09/2007, com mesa-redonda composta por este neoblogueiro, o próprio autor e Luís Antônio Pimentel. O evento se deu na ilha Letras de Niterói, organizada por vários editores da antiga capital fluminense.

Para ver imagens do lançamento, acesse o álbum de fotos (endereço abaixo):
http://picasaweb.google.com/anibalbraganca/BienalInternacionalDoLivroRioDeJaneiroLanAmentoLivroDeRobertoKahlmeyer
O escritor fluminense Luís Antônio Pimentel viveu no Japão de 1937 a 1942, onde teve publicado, no idioma japonês, o livro Namida no Kito (Prece em lágrimas), em 1940, a primeira obra poética de autor brasileiro editada no país do sol nascente. Para saber mais dessa edição e conhecer sua obra literária, sugerimos consultar Contos do velho Nipon, 12 dias com Leviana, Tankas e Haicais, o volume 2 das Obras Reunidas de Luís Antônio Pimentel, organizadas por este neoblogueiro, e publicadas pela Niterói Livros [livros@culturaniteroi.com.br ], em 2004, onde se incluiu uma edição parcial, fac-similar, ilustrada, acompanhada de versão em português, hoje desaparecida, de alguns dos seus belos poemas de Namida no Kito, além do hoje clássico Tankas e Haicais, originalmente publicado em 1953. O volume inclui estudos da poética de Pimentel por Sonia Regina Longhi Ninomiya, Lúcia Teixeira, Cyana Leahy e Luiz Fernando Medeiros de Carvalho, além da apresentação deste neoblogueiro.

sábado, 6 de outubro de 2007

Arthur Arezio da Fonseca, baiano, tipógrafo notável, autor do primeiro dicionário de artes gráficas da língua portuguesa

No Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, de Rui Canaveira, o verbete sobre o grande tipógrafo baiano Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940), oferece-nos informações básicas da sua trajetória:

FONSECA, ARTHUR AREZIO da – Tipógrafo brasileiro nascido na Bahia a 10 de junho de 1873, considerado um dos mais importantes do seu tempo no Brasil, e que foi também escritor e editor. Ingressou como aprendiz de tipógrafo nas oficinas do Jornal de Notícias em setembro de 1887, foi paginador da Gazeta de Notícias em 1896, paginador e administrador de A Bahia até junho de 1898, chapista nas oficinas da Tipografia Baiana e de Vicente de Oliveira Botas, onde aprendeu a arte da litografia, paginador do Correio de Notícias em 1889, do Diário da Bahia em 1902, do Diário de Notícias em 1903, donde saiu para em 1905 abrir a Gazeta do Povo. Em 1907 criou, de parceria com António Josué Carvalho, a Oficina Xilo-tipográfica Arezio & Carvalho que fecharia em 1912 para dirigir a instalação da Imprensa Oficial do Estado de que foi depois administrador técnico, a partir de novembro de 1915. Foi membro de várias instituições profissionais e culturais, tendo ingressado na Associação Typographica Bahiana em 1902. Criou e foi o primeiro editor do Boletim Graphico entre 1916 e 1917. Pertenceu à direção do Liceu de Artes e Ofícios nas décadas de 1920 e 1930.
Escreveu cinco livros sobre a arte tipográfica. O primeiro, Serões typographicos foi publicado em 1905 e é uma colectânea dos artigos que escreveu entre 1902 e 1903 para a Revista da Associação Typographica Bahiana. O segundo livro saíu em 1907 e tem o título de Esboço typográfico, possuindo ilustrações do próprio Arthur Arezio da Fonseca, impressas com xilogravuras abertas em casca de cajazeira. Trata da história da imprensa e de vários temas afins com as Artes Gráficas. O terceiro livro, de 1916, impresso pela Imprensa Oficial do Estado, tem o título Machinas de compor e nele se descreve a evolução da composição mecânica e se alertam os compositores manuais para aprenderem a usar o novo equipamento de composição. A quarta obra do tipógrafo brasileiro chama-se Revisão de provas typographicas e saíu em 1925, tendo sido muito usado por todos quantos queriam abraçar a profissão de revisor. O último livro de Arthur Arezio é o Diccionario de termos graphicos, publicado pela Imprensa Oficial do Estado em 1936, na Bahia. É considerado o primeiro dicionário para artes gráficas em língua portuguesa, e o autor foi premiado em 1938, com o Prémio Caminhoá, por causa deste seu dicionário. Escreveu mais quatro livros inéditos segundo dados biográficos organizados por seu filho, não se sabendo onde param os originais. Esses livros são, de que existem três folhas do rascunho, O Formato dos Livros, de que existem três capítulos, Branco + Negro e Cálculos typographicos. Arthur Arezio da Fonseca faleceu em 16 de Julho de 1940.

Rui Canaveira, pesquisador português, membro da American Printing History Association e da Historical Printing Society de Londres, é autor dos livros História das Artes Gráficas, I, II e III volumes, Como Criar uma Empresa Gráfica e Transformadora do Papel, e. dentre outros, do Dicionário de Tipógrafos e Litógrafos Famosos, do qual retiramos o verbete acima, que está disponível nos arquivos do e-Grupo Cultura Letrada http://groups.google.com/group/cultura-letrada .

Pequena biografia de Rui Canaveira encontra-se no sítio do IPTS - Instituto Português de Tecnologias e Serigrafia http://www.iptshome.org .

Para se obter mais informações sobre a obra de Arthur Arezio, rara ou raro leitor, será necessário conhecer os trabalhos do jornalista e professor Luís Guilherme Pontes Tavares editor@alba.ba.gov.br , também nascido na Bahia, que a ela dedicou muitos anos de pesquisa, tendo publicado vários artigos e também sua tese de doutorado em História, defendida em 2000, na Universidade de São Paulo (USP), editada com o título Nome para compor em caixa alta: ARTHUR AREZIO DA FONSECA, ISBN 85-99366-01-7, na Coleção Cipriano Barata, pela Empresa Gráfica da Bahia, com apoio do Governo da Bahia e do Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia.